sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Carta ao Mocho

Estou no teu local de escrita. Na tua cadeira, sobre a tua secretária, a escrever no teu computador sobre a luz do teu candeeiro. Invadi o teu espaço que por tempos deixaste em descuido.
Não me desculpo.
A forma como invades os meus pensamentos e emoções também não pedem para ser perdoadas ao chegar.
Estive a ler o teu livro e nele ouvi o amor, a raiva e a rejeição dedicadas a uma paixão que não eu. Não queria. Queria estar a dormir mas o sono não chega enquanto mantenho este aperto de garganta.
Por isso aceito a tendência masoquista de te procurar quando te queria perto e não estás. Amas-me mesmo da forma como a amaste a ela? Desejas-me assim de forma tão desenfreada, tão rendida e tão própria? Que musa, que veneno que impacto. Que inveja…
Se nós não resultarmos vais-me insultar como fizeste com ela? Vais- me culpar pela insatisfação, condenar-me como de caprichosa? Serei simplesmente um erro subsequente? Uma parte 2 de algo que nela se inspirou?
Vais-me escrever dois livros? Um? Uma dedicatória só, envolvida em desprezo e esquecimento? Vais fazer as pazes contigo e atribuir-me a mim a falha, a pobreza de espírito, uma forma de amar menos capaz que a tua?
Sou personagem de história inventada violadora da realidade? Sou apenas uma extensão do teu imaginário sem ter direito a existir, a querer e a viver? Mais um tiro falhado do romântico incurável, que se masturba em enredos no escolhido fardo de solidão?
De quê que se queixou ela? Chamou-te “criança” como eu? Odeias-me porque a ouves em mim? És tu demasiado diferente para ser compreendido por ela e por mim? Afastarás as mulheres que virão?
Fugirás delas de forma a cobrir-te com a proteção da matriarca? Será alguma boa o suficiente para ser aceite? Ou forte o suficiente para se impor sem que fujas? Burra o suficiente para não perceber? Serás alguma vez capaz de descobrir as saias? Ou vais-te manter para voltar, cobrires-te e ouvir “É aqui que estás seguro João.”
O que esperas de mim agora? Pena? Aceitação? Apoio? Conformação?
Devo continuar a desejar-te perante trocas de papéis tão acentuadas? Querer-te mesmo quando não me apelas assim? Abdico do meu sorriso? Finjo? Espero mais um pouco? Exijo? Desisto…?
E as projeções? Os sonhos? As expetativas? Acalmo-as? Altero-as? Ajusto-as?
Vais dizer que exagero, que transbordo, que me afogo em mar inexistente. Mas não te tenho aqui para mo confirmares que não. E as tuas palavras até podem negar mas não confortam. Até podes sofrer mas não fazes. Até podes concordar mas não acreditas.
Não quero ser enredo de drama Sr Mocho. Gosto muito de ler mas não tenho vocação para atuar. Nem estou aqui para representar.

Cheguei mais cedo, adiantei-me. Reivindico a existência do meu amor e de, por sua vez, minha exaustão. E agora? Que acontece à história se a publicar primeiro que tu?

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eu deixo.

Pouco a pouco
O tecto desaba por cima de mim
E eu aqui (quase) não sinto dor
Porque a poeira cai lentamente
O buraco vai surgindo
Ficando eu petrificada à espera.

Deixa-os falar
Deixa-me fingir que me importo
Deixa-me marcar uma posição
Como se fosse visível

Deixa-me fantasiar
Com algum tipo de laço
Deixa-me iludir
e beber o meu veneno
como se estivesse mesmo alguém a meu lado

Deixa-os sonhar
Anular o meu recheio
Pegar na minha figura
E usar-la como símbolo
de algo melhor do que sou.

Deixa-os pensar que não me apercebo
Deixa-me carregar as suas carências
De tão vazia que ando
Por não saber cuidar das minhas

Deixa-me sonhar a mim e ser especial assim.

Deixa-os pensar que lhes pertenço
Como se o desejo tivesse corpo.
Deixa-me pensar que os abraço
Como se tivesse força para isso.

Deixa-me sangrar...
Em modo de celebração
De uma simples aceitação.

Deixa o pó entrar e impedir-me de respirar.

Deixa o tecto cair
Bem devagarinho
Num suicídio baixinho.

Eu não me esqueci,
Que as coisas não são para durar.
Mas, por favor, deixa-os sonhar...
Que eu não vou estar cá para contar.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Forever wild

Quando beijei pela primeira vez, senti o beijo como se tivesse surgido uma explosão de fogo-de-artifício que me envolvia e consumia. As luzes desligaram-se e o tempo parou. O meu corpo libertou calor e luz e eu soube, pela primeira vez, o poder do beijo.
Depois vieram as dunas. Entre abraços e beijos que queriam queimar a roupa, provei o sabor de orgasmos partilhados. Contemplei o meu êxtase e o dele, parei para ver olhos cerrados, faces rosadas, e vibrei com aquela respiração ofegante e ausente própria do chegar ao cume do mundo. E, com areia na pele, desejava ficar naquele consumar para sempre. Ele chegava de bicicleta e fazia-me voar até à praia e depois até ao céu.

Escondidos de olhares indiscretos, aprendíamos o corpo um do outro, decorei sinais e texturas, enquanto a chuva ameaçava surgir e o frio do fim do dia ameaçava a hora de voltar. E quando voltava, voltava com saudade e sem gravidade no corpo. Vivia para o próximo beijo, para o próximo toque, para a brisa marinha, para calor da areia.
Quando me abriu as portas de casa dele, a urgência de experimentar novos sabores fez frente aos meus medos. Pouco a pouco o desejo me despiu de pudores. Peça por peça, me mostrava a ti, peça por peça, te achava o extremo da beleza masculina.
O tempo a passar e a paixão a manter-se no auge, fizeram-me ceder a propostas tuas. Acordei em deixar-te invadir-me como ninguém antes tinha feito. Senti a dor, a frustração, as dúvidas. Senti o teu tremor e a nossa inexperiência com desilusão. Teimosa, dominei-te, sentei-me em cima de ti e expandi-me para me dares prazer.
Voltamos às montanhas russas. Descobri mais do teu corpo, mais da tua casa, mais de ti. Descobri muito mais de mim. Entre chocolate, gelo, vendas e diferentes posições em diferentes compartimentos, iniciei uma odisseia de desejo que me fazia acordar no dia-a-dia e logo de manhã entreter-me a escolher uma roupa interior que te seduzisse.
E quando te começaste a afastar, chorei enquanto me satisfazias, como num luto de prazer. Quando te perdi, perdi a graça, deixei a minha sensualidade de lado, fantasiei em encontrar-me contigo e fazer sexo só porque sim, aceitando que não me amasses de volta. Mas não aceitei, e magoaste-me quando me invadiste sem amor. O teu cheiro despertava paixão no meu corpo mas a falta de cumplicidade criou raiva em mim.

Chegaste depois para me consular. O teu interesse divertiu-me. Divertiu-me andares de mão dada comigo. Divertiste-me quando vestido me invadiste a casa de banho e me agarraste o corpo nu sobre a água quente do chuveiro. Senti, de novo, desejo, de novo, a rebeldia. Gozei o gostares mais de mim do que eu de ti. Gozei, até me levares para a cama. Aí entraste sem me ouvir o corpo, que te rejeitava e fingia sem sequer querer parecer convincente. Sujaste-me, só quis lavar-me e nunca mais te ver. Mesmo assim foste a minha rampa de lançamento. Desculpa se intencionavas ser mais do que isso.

Quando me abordaste pela primeira vez, provocaste-me pela inconveniência do contexto. Fruto proibido mais apetecido. E quando te vi, expuseste o teu lado carinhoso. De início desprezei tanta entrega, e apenas cedi em jogar. Até as despedidas começarem a custar mais. Até que me perguntas “queres namorar comigo?” quando pensava que estava velha de mais para ouvir isso. Desfrutei da tua força, ensinei-te o que pude acerca do meu prazer. Gozei as conquistas e surpreendi-me quando me mostraste ainda mais sensações.
Desiludi quando senti que não vibrávamos com igual frequência mesmo que com a mesma intensidade. Permiti que levássemos tempo a calibrar as demonstrações de paixão. Como meu porto seguro, ofereceste-me refúgio que compensaria outros obstáculos. Admirei a tua franqueza, amei a tua falta de maldade, escolhi-te para ficares.

Em tempos mais conturbados, em que choveu dentro de mim, em que deixei de fazer amor comigo própria e com o mundo, apareceste tu. Aparentemente como uma amizade, como festa de sexta à noite. Frente ao perigo, que ignoraste, olhaste-me fixamente. Incomodada senti-te a despir-me com o olhar. Como poderias? Todas as convenções diziam que não o farias. Depois de perceber o atrevimento, gostei e fiz não ver sinal de alarme. Podia ser a tua forma de ser, sendo assim aceite pelos outros. Seguiram-se conversas longas, brincadeiras e risos. Dei por mim ao teu lado a pensar que queria subir para cima de ti. Muito suavemente, as piadas passaram a sérias e a verdadeiras vontades. Desafiaste-me: “beija-me”. E beijei. E quando me apercebi já era tarde de mais. Reconstruíste-me a sensualidade, e a minha libido fez-me voltar a sonhar. O proibido deixou-me louca de doçura, ao mesmo tempo que me tirava o sono por me perturbar a moralidade. Desisti quando te propus seguir o legítimo e tu te acomodaste ao pedir para manter a loucura assim. Mandei-te para o caralho. Deixaste me pior do que antes de te conhecer. Fizeste de mim não mulher mas culpa.

Se te tinha afastado fui à tua procura de novo. Pensei que pudesse escolher ficar só. Mas senti saudade e vontade do nosso amor. Pedi-te desculpa em silêncio, chorei a culpa sem ta comunicar. Aceitaste-a silenciada em mim. Ao mesmo tempo, senti que para te acender a paixão tinha que a afastar. Deixei-a de lado e fiz-me mulher, tua mulher.
E houveram momentos em que nos sentimos indestrutíveis, outros como amigos, outros como estranhos, outros como amantes, outros como animais… e as estações passaram por nós, construindo o que conheço como relação.

Assumiste também outras faces que voltam e meia me incendeiam em sonhos eróticos. Que me elevam o ego e alimentam a minha sexualidade. Percebo que esta se vive durante todo o dia, acompanhada ou sozinha, contigo ou contigo. Entre fantasias torno me mais desejada mas também mais feliz e apaixonada por mim e pelo mundo.
Não exponho isto por palavras ditas, não pretendo acabar com a tua ilusão de exclusividade que não deixas possuir. Vês só o que escolhes ver. E brincamos às personagens sem grandes riscos e culpas. Diz lá, não me achas mais bonita, mais atraente assim?

Tens eu me deixar dançar. Tenho que me deixar dançar contigo. And go where the wind blows…

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Semente



Quero te tanto que receio o meu querer… e receio o teu nascer…
Ainda receio mais o teu crescer…
Tenho medo do peso de me teres de carregar tu em cima quando deixares de andar ao meu colo…
Porque esse peso pode partir-te.
Não podes nascer para dares sentido ao meu .
Tenho que tratar disso antes de chegares.

Cheguei a casa e cheira a erva…
“Ao menos é só erva”
É só? E se é, nunca será “só”.
Somos filhos e pais uns dos outros
A vida é, e sempre será, redundante,
O que não és agora serás amanhã
Drogas, comida, álcool, viagens…
Tudo o que te leve para longe do micro
Ou que te faz encará-lo com mais leveza,
Vai tornar-se viciante, vai tornar-se na maioria das tuas procuras
E eventualmente nos teus dias… anos…

Só não quero expor-te ao meu micro assim
Quero dar-te mais do que amor
Quero conservar a tua inocência,
Tornar-te forte mas… suavemente.
Acredita no amor para sempre,
Nos vestidos de noiva, no sucesso como meta, no bem,
E noutras fés.
Tem fé.
Encontra o teu caminho
Por mais ilusório que seja,
Para ser teu, tem que ser obrigatoriamente imaginado por ti
Se possível concretizado também
Mas isso são outros que tais.
Acredita no que não acredito e não sejas eu.
E não penses ou sofras por pensares que tens que me dar razão de viver
Pelo contrário, quero amar-te tanto
Mas não quero que o meu amor não te machuque.

Volta um dia e,
diferente de mim, vem mostrar-me alguma coisa
Ensinar-me alguma coisa
E se não ensinares,
Não faz mal também…
Desde que sigas o teu caminho e sejas feliz.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

“Mas, a qualquer momento, também posso morrer...”



“Mas, a qualquer momento, também posso morrer...”



Mórbido demais? Talvez possa parecer a quem olha de fora para o meu dentro.

Mas, na verdade, é este o pensamento que me sossega, me acalma e tranquiliza. Paradoxal? Não. Posso dizer que será apenas, provavelmente, falacioso. Não, não quero nem desejo a minha morte. Medo da morte? Muito. Mas com 24 anos a minha morte parece-me tão distante que é a dos outros que me aterroriza. Vivendo no terror da iminência da morte dos que me rodeiam, no medo que surge perante a percepção da fragilidade do meu meio, só consigo alguma paz ao pensar que, se por alguma eventualidade a minha vida acabasse, todas as minhas emoções seriam em vão... e nesse sentido seriam inúteis e desnecessárias.

Concedendo-me o direito de morrer, concedo à minha pessoa a forma de expressão máxima, já que, ultimamente, não me é permitido desabafar, chorar, gritar ou agir. Já que nada posso controlar por muito que queira, é bom saber que até o meu desejo frustrado de controlo pode muito bem desaparecer de repente, basta que algo ou alguém me roube a vida. A minha insignificância no processo, sendo ela totalitária, descansa-me. Mas, não sendo, não consigo estar bem. Assim, viva, tenho que coabitar com a dúvida do meu papel quando tudo começa a ruir à minha volta.

Além disso, o facto de também eu poder morrer, dá-me o direito de ser eu a chorada. Desejo egoísta de quem sente na pele o abandono de um sonho. Mas não posso ir muito por aí... A imagem de ser chorada é seguidamente acompanhada por um sentimento de culpa imenso... E penso: “Não lhes poderia fazer tal coisa... Não lhes desejo qualquer dor”.

Em última instância, teimo em agarrar-me à vida, teimo em acreditar nela e na dos que amo. Tento ter fé na humanidade e no que me reserva o amanhã.

Mas quando o medo bate à porta, nada como o poder da morte para o derrotar, sendo ela o medo supremo. Claro que tenho consciência que me refugio na fuga. “Fight or flight”. If you can’t fight it, run from it...

E eu fujo, esperando escapar, na melhor das hipóteses, sem ter de morrer...

Fiquei silêncio


Lembro aquelas premissas (ou versos falados)
que ouvia de tua boca e me enfeitiçavam
E o que era verdadeiro era simples
e o que era simples seria também verdadeiro
Sendo que, a verdade, apesar de generosa,
exigia de mim o melhor eu
A minha curiosidade, a minha bravura, o meu espanto...

E eu era especial
e o mundo, uma aventura
Um lugar para explorar e para...
sonhar
Quem eu era ou quem eu seria
resultava numa menina e numa senhora promissoras
E o amor, o conhecimento, a poesia e a filosofia
davam sentido àquilo que nunca seria totalmente conhecido
um sentido... que apenas poderia ser sentido.

E a vida valia, por si só, a pena
E o mundo chorava para depois sorrir
E eu...
e eu era orgulho. Era o teu brilho nos olhos.

Agora brilham meus olhos com lágrimas
por, de mansinho, deixar esse sonho sair de mim
por deixar de contar histórias e ouvir as tuas
com aquela magia
que se sente quando nos enamoramos com o mundo

O tempo passou
A minha exigência com os outros
traduziu-se em pedidos para me ouvirem
mais do que simplesmente me escutarem
E, isso, não sendo consentido
fez de mim silêncio.

Aprendi que o espanto não partilhado
e a busca incansável do saber
me afastavam dos outros
E, afinal...
não me faziam mais querida para ti.

A minha procura e insistência na verdade
passaram a acarretar nomes feios
“Ingénua!” “Senhora de lugares comuns”...
nomes vindos de ti...
Puxa, como queria te encantar como me encantaste
como queria que fosses de acordo com as verdades,
As nossas verdades.

O amor pelo próprio, de igual com o amor ao outro
O mundo e a vida, e a ética, e a magia,
Podem ser, mas afinal não são tanto
Não o suficiente para serem mais
do que aquilo que simplesmente é

Por isso calo e pouso a caneta
e falo o que simplesmente é
e apenas isso eu ouço
e sou ouvida para depois receber o meu eco de volta
Só sou ouvida para depois ouvir
deixando a poesia lá fora
junto da bravura e espanto da menina que fui

Mas que nunca esqueço


E, independentemente de tudo,
Te amo.

sábado, 14 de maio de 2011

Broken home


Detesto a música e as chaves.
Acordo de sobressalto, quando confundo conversas com gritos, conversas com choros. Meu coração bate muito, e as minhas mãos tremem. Vou ligeirinha e encosto o ouvido à porta. Bato… “Agora não”. Esta resposta faz-me voltar para o quarto.

E volto, volto para o computador, para a TV, para o quotidiano atordoado de coisas para fazer, de coisas que me afastem deste medo, desta música, desta incógnita cortante.
Só o meu subconsciente, e o meu “eu” mais fisiológico, me impedem da total alienação. E quando o tecto cai, e a casa volta às chamas, só consigo tentar apagá-las com lágrimas. A loucura na porta ao lado faz me sentir impotente, insegura e tão, tão triste.

E as pequenas coisas que faço, as pequenas mudanças que tento incutir, as minhas contribuições para alicerces mais fortes destas 4 paredes… De nada servem, rapidamente se tornam em cinza que desaparece com o vento… a porta ao lado abre para depois fechar, sorri para depois chorar, sonha para depois parar… antes que algo pudesse mudar.

Todos fugimos da casa em chamas, todos em direcções diferentes… esquecendo que estamos acorrentados a ela… e que, a certa altura, seremos nós a, por fim, arder.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

There's no such thing as sintony...

Há algo no meu amor que repele…

Há algo nele que te faz perder interesse, há algo dele que te faz bater a porta mais levianamente. Algo que te desprende, que te corta o entusiasmo.

E eu fico assim, a amar, de nó na garganta.

Há algo de apaixonante quando estou ausente. Há algo de apelativo quando te magoo, quando te rejeito, quando te deixo. Aí, provoco declarações de paixão e procura intensa, desperto vontades de mover montanhas, estimulo e acendo amores adormecidos… Mas quando amo, calo o teu amor, resfrio a tua paixão.

Ou então amo demais e vou além dos limiares da satisfação. Adopto uma paranóia que faz de mim não correspondida nos afectos, que faz de mim mais solitária, que me leva a crer que mais vale não sentir, que mais vale sentirem por mim…

A meus olhos, fechaste a porta, entraste no carro e partiste sem hesitar… sem olhar para trás… Sem ver se eu estava bem…


Há algo no meu amor que invalida o teu.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Abre os olhos, vê, ouve e sente...


Hoje senti o sol a aquecer-me as pernas, senti o vento a acariciar-me a nuca, e a fazer os meus cabelos revirar… ouvi a musica e entreguei-me às sensações… fiz as pazes com o mundo e quase perdi o comboio por me esquecer naquele momento de união com o tudo o resto que me ultrapassa. E a capacidade de resiliência surge, volto a acreditar e tenho vontade de me viver.


Como pode o mundo ser tão diferente para ti? As pessoas diferem mas o vento e o sol são os mesmos. Não os ouves? Não os sentes? Porque acreditas mais nas pessoas do que neles? Porque não ultrapassas o primeiro impacto das palavras e te deixas acorrentar por elas?
Queria dizer-te que, ao contrário dos outros, acredito em ti. Não te vejo como tão especial, tão fragilizado, e por isso acredito que és capaz. Não é por gostar menos que não concordo contigo. E por gostar espero que surja em ti uma luz, que te faça ir mais longe, que te faça surpreender as pessoas. Aprende a ver que quem te dá a mão na desistência, apesar de reforçar o falhanço, tenta curar as suas inseguranças e não as tuas.


Desculpa, mas o teu mundo não é repleto de azar e injustiça como reclamas. E sim, tu podes, tu consegues e não tens qualquer razão para voltar a dizer “não”…
As pessoas, eu, o sol e o vento… existimos independente do teu percurso… está na altura de aquecer, de sentir… de calar e de te ouvires no silêncio… ouve quem és e não o que fazem de ti.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Agridoce



- Que riso irritante tem ela!
- Tem? Nunca a ouvi a rir…

Ela ri quando dança e conquista (ou irrita) quando ri. É pesada quando caminha e flutua quando dança. É linda quando escreve e feia quando fala. É pequena quando surge e gigante quando envolve. É crescida quando luta e criança quando brinca.

É louca quando se apaixona e triste quando ele parte… é feliz quando se apercebe que a paixão nela é reincidente.

Deixa ela vir, deixa eu chorar… deixa-me prolongar o meu riso irritante.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cores, minhas *


Entraste sem bater, deixaste-me indefesa com o olhar e eu pedi-te:
-Posso pintar-te?
Sentaste-te à minha frente e eu dancei entre a paleta e a tua imagem. Pintei com cores quentes, com cores de esperança e cumplicidade. Ri, suspirei, tremi enquanto pintava. Quase que te pintava de olhos fechados.
Decidiste levantar-te e avançar na minha direcção. Vieste até estares entre mim e a tela.
- O que estás a fazer? Sai por favor… - disse eu com um sorriso resistente.
Olhas a pintura atrás de ti e dizes:
-Está muito bonito. Mas esse não sou eu…
- O que estás a dizer? Não digas disparates. Sai da frente por favor.
Não saíste. Derrubaste a tela atrás de ti. Choquei… chorei… desesperei… Porquê?!!...
Deixei de te ver. Peguei no pincel atirei-o para longe… sujei as minhas mãos de tinta e decidi passa-las na cara. Nos cabelos, no pescoço, no peito, na barriga, nas ancas, nas pernas… Olhei o espelho e surpreendo-me ao gostar do que vejo.

Da próxima vez que me vires, irás faze-lo de longe… vais ver um sorriso, vais ver-me colorida, vais ver-me de pincel na mão… Pronta a colorir quem me quiser pintar a mim.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tiro no coração invertido




O mundo está virado ao contrário.
E sempre que me distancio dele e ando direita... imagino-te a meu lado. Dás-me a mão e caminhamos sobre a lua e o sol. Aqui ninguém aponta, ninguém julga ou espera de nós. Quem nos guia são as estrelas. Eles não olham para cima e nós não os olhamos a eles. Tu vês-me só a mim e em mim vês céu. Os trovões são gargalhadas minhas e os relâmpagos são suspiros de paixão. E, quando corre mal, não dá para esconder, não dá para fugir, só dá para me atirares... pedaços de nuvem.

Mas a verdade é que só eu segui o arco-íris. Por isso, quando me cair uma lágrima, não a vais sentir. Porque és tu que andas com a cabeça para baixo, és tu que tens o coração invertido e não é esse o sentido da gravidade.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Mentira cor-de-rosa


Devemos viver apaixonados? Devemos tentar apaixonarmo-nos constantemente por algo ou alguém? Devemos procurar a vontade inebriante, o fogo interior, a leveza de espírito?
É bonito pensar que sim, pensar que não há melhor forma de viver a vida…
Mas será que todo o mundo se esquece que a paixão roça a loucura, que a namora com a insanidade? Que, se vivêssemos sempre apaixonados, a dopamina nos levava numa viagem constante entre realidades distintas?
Que não há nada de socialmente aceite e recomendável na paixão? Que não há sentido de grupo, tolerância ou paciência quando estamos apaixonados?

Só há a delícia de um voo egoísta.
Por isso, agradeço que não me atirem corações aos olhos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A matemática da minha zona de conforto (mais uma...)


Em quatro eixos… sou uma curva chata. Vivo segura e tristemente abrigada pelo eixo x e não me afasto muito do eixo y. Seguro-me aos números negativos como quem se agarra a uma escada e não a sobe com medo das alturas.
E, se alguém chega, me abana e me puxa… seguro-me no meu canto e faço cara de má…
Só com jeitinho e persistência, ainda me podem fazer espreitar à superfície, e a minha função pode até chegar ao primeiro quadrante. Mas caso a protecção oferecida não seja suficiente para substituir o abrigo que me dava o eixo x, as defesas triplicam e eu? “Exponencio” negativamente.
Calmamente volto ao meu lugar de conforto e lá, entristeço e sonho. Sonho com uma subida merecedora de ser escalada, uma corda mais forte do que o meu medo, alguém mais perto de mim…

Disseram -me um dia que a minha felicidade é mais dificilmente alcançada do que a dos outros… Doeu de ouvir… Correntes pesadas e duras as minhas, feitas de um material chamado estupidez.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010


hoje não escrevo... disseram que o blogue estava q.b. de deprimente... guardo a altura para uma proxima.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

alerta


Que fique escrito que o que escrevi posso não escrever agora. Que o meu pensamento é fugaz como o teu e que o meu coração da voltas sem paragem prevista. Que espero que o teclado volte a mover me aqui neste espacinho... meu, partilhado, constante apesar da inconstância da autora.

***

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Palavras tão sábias... e úteis, assim espero.

Pio Abreu J. L. (2006), Como tornar-se um doente mental. Lisboa: Dom quixote

"O grande problema do doente mental é fazer sempre o mesmo em todas as circunstâncias. É por isso que eles são muito parecidos uns com os outros e os podemos classificar. Pelo contrário, as pessoas saudáveis, por serem tão diferentes umas das outras e fazerem coisas diversas em diversos contextos, são inclassificáveis. nós somos em geral tão diferentes porque, alem da variedade genética que cultivamos com a exogamia, temos também a variedade cultural e linguística e, ainda, a consciência, pela qual nos podemos conhecer e modificar. Somos assim basicamente imprevisíveis, embora, para vivermos numa comunidade organizada, tenhamos de ser previsíveis uns para os outros. Este é o primeiro paradoxo que nos obriga a desenvolver uma personalidade complexa e consistente.

Mas também digo isto para que o leitor se tranquilize: Se se identificou em absoluto com alguma das doenças que descrevi, começa pelo menos a tornar-se consciente de si próprio e a ter liberdade de se modificar.

(...)

Se não mentir a si próprio, descobrirá que é uma pessoa com limites e deixará de querer ir a todas, como fazem os fóbicos. Também não será dono da verdade nem tao importante como os paranóicos. Não será o mais perfeito, o que fica para os obsessivos, nem tão brilhante ou poderoso como os histriónicos e psicopatas. Não será uma pessoa muito original, como os esquizofrénicos, nem um génio, como os maníaco-depressivos. Será apenas uma pessoa comum que aceita os desafios e paradoxos da vida, faz o possível para, em cada momento, dar o que pode e actuar em conjunto com os outros. No entanto, tem de assumir a responsabilidade completa das suas acções. Afinal, todos fomos expulsos do paraíso e condenados à solidariedade. Fizemos das fraquezas forças e, uns com os outros, construímos coisas admiráveis.
Convenhamos, entretanto, que tudo isto é muito complicado, pouco gratificante e difícil de fazer. Fácil, fácil, é mesmo tornar-se doente mental."

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Vira o meu mundo ao contrario

Vira o meu mundo ao contrario, mostra me o que és capaz, abre me os olhos quando fico no escuro.
Sei que sou dura e que me agarro muito à terra mas, por isso mesmo, preciso de alguém que me faça voar. Mostra-me que erro, que me engano, que o mundo espera de mim algo mais. Agarra-me o pulso, faz-me olhar-te nos olhos...e ver.
Porque não te quero contagiar com o que penso, por mais teimosa e insistente que seja... quero te provocar, para que me enfrentes, para que me desafies, para que te mostres algo mais...
mostra-me, surpreende-me, aparece quando menos espero...
não deixes que seja eu a comandar... vira o meu mundo... leva-me para o teu...

terça-feira, 13 de maio de 2008

trapo sem valor

Sou como uma boneca que a criança abraça e diz “gosto de ti” mas que, ao mesmo tempo, é capaz de se esquecer dela e deixa-la cair da cama…
Boneca quebrada que pensa naquelas palavras e quer acreditar, mas se sente um trapo. Boneca farrapo que, convencida que o amor é algo mais, sofre sempre que os gestos não coincidem com as palavras e dedicação (ou mais precisamente coma sua ausência).
Vim a aprender a não esperar muito… Aprendi que não existem príncipes para quem não calça o sapato de princesa… para quem tem um sapo machucado no peito.
Não se dão flores a uma flor murcha, quanto mais canções e declarações sentidas! Como será ter alguém a voltar para trás a correr para nós, após uma breve separação na qual se apercebeu no valor que temos ele? Como será baterem nos à porta e recebermos um enorme ramo de surpresa? Como será sentirmo-nos realmente o mundo de alguém?
Boneca sonhadora que perde cada vez mais o encanto (que por sinal já era pouco de origem) em cada nova queda, e noutra e noutra e noutra…

Da próxima vez que cair, quero quebrar mesmo e deixar de ser boneca… Não quero que brinquem mais comigo.

domingo, 13 de abril de 2008

Fugindo da lucidez

Tolice minha! Nunca estar bem com o que tenho, nunca estar bem em que parte esteja. Procurar algo de forma tão intensa, quase como se de ar se tratasse, estando consciente que o que procuro é quase tão raro quanto precioso. Tolice minha ser mole assim, quase derramando lágrimas em peitos por lá não encontrar o meu tesouro.
Ridículo querer algo de forma tão cega, algo que de coisa pouco tem, que se esvanece sempre que a tento ver… e tocar… e sentir… Loucura, mas não de todo irracional, já que me parece lógica a busca do que se considera a essência mais valiosa da vida.
Quero estar num sítio e lá querer permanecer eternamente, quero ter alguém e não desejar mais ninguém no mundo…
O que de tão errado tem a minha loucura? Porquê tão assustadora para alguns e incompreendida por outros?
Serei mesmo a única à espera de perder a cabeça?

terça-feira, 4 de março de 2008

Filtro solar (protector solar)

impeço-me de acrescentar nem que seja uma palavra mais...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

sê meu cumplice

Se pudesse matava-o. Matar o tempo, quanto a mim, não é sinónimo de fazer qualquer coisa e deixa-lo correr. Matar o tempo é prende-lo, não o deixar fugir, é… assassina-lo.
Deixa-lo fugir significa perder… perder oportunidades, pessoas valiosas, momentos inesquecíveis. Mata-lo traduz-se em fazer pontaria e acertar em cheio em cada minuto. Da sua morte resulta a sensação que a vida passou rápido demais, perceptível quando se partilham instantes de amor, brincadeira ou contemplação. Daí que uma tarde apaixonada passe tão rápido já que o tempo se destrói em cada beijo…Tendo piedade do tempo, jogando pelo seguro, dando pouco de nós próprios… abdica-se da vida. Não vou mentir, dizendo que não nos dói cada tiro que disparamos sobre ele. Dói amar, dói e custa e requer pedaços nossos.
Podes ficar aí imóvel, nunca mais me falar, ver-me partir, perder uma oportunidade de dar e receber… podes não arriscar…
Aposto que é bem mais confortável, aposto que é mais cómodo não deixar escapar as partes e calar as palavras nunca ditas. Mas se nunca matares o tempo, o tempo não te mata a ti? Não te deixará intacto mas oco?

“Se achas que não te controlas é porque não vais suficientemente depressa.”

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Lágrima de compromisso

Não sei como tudo se tornou assim tão negro, como em tão pouco tempo nos tornamos tão incompatíveis, como a nossa relação se tornou para mim um pesadelo…
Arranjei-te como companheiro e no início tudo era belo. Sabia desfrutar de cada minuto, fazias me ver o mundo de forma feliz, sentia-me leve e livre. Como uma criança que conta os dias para o natal, eu contava os minutos para o dia seguinte. De repente a nossa ligação tornou-se sufocante, rotineira e degradada. Sinto que persegues, que me prendes…
Deixas em mim tamanha sensação de carência e de abandono. Como podes gostar que eu tenha armado guerra contra o espelho?
Odeio-te… odeio-te pelo fantasma que fizeste de mim. Já não me sinto nem Mariana, nem rapariga, nem pessoa… não passo de um ser, ridiculamente, pensante…
Mas cansada de lutar contra ti, aceito o pedido de casamento.
Desisto, tas a vontade para dizer “ate que a morte nos separe”.
Namoro te incondicionalmente, a ti, e só a ti, solidão.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Só tu...

Ele diz: “Neste momento poderia estar com várias mulheres”
“E porque não estás?”
“Porque me trairia.”

Traição. Termo tão inconsistente e subjectivo. Mas, independentemente da natureza desta palavra, pergunto-me principalmente: Em que medida o amor pressupõe a escolha de uma pessoa só?
Começando por uma analise fisiológica (reducionista mas, quanto a mim, óptima para iniciar a exploração da questão) quando nos apaixonamos ou começamos a amar/gostar de alguém despoletam-se reacções endócrinas e nervosas que resultam num sentimento de atracção e procura de aproximação. Podemos chamar ao processo o que quisermos, mas será sempre a dopamina que nos vai acelerar o ritmo cardíaco e nos aumentara o metabolismo e a frequência respiratória e nos deixará com uma sensação de loucura doce. Daí eu questionar quando me dizem: “eu não amei, só fui para a cama com ela” ou “Eu não estou apaixonada por ele, é só uma curte” ou “eu gosto apenas, não o amo!” porque no fundo, a paixão, o gostar, o amor, o curtir, etc, não se distinguem na medida em que partilham das mesmas reacções orgânicas indispensáveis a uma aproximação mais intima entre 2pessoas. Assim, no caso duma “one night stand”, acredito que a pessoa ama a outra, mas ama provavelmente algo que não existe nela. Isto é, se eu vejo pela 1ªvez,hoje, um rapaz, não irei conhecer muito mais do que a sua aparência física e um pouco do seu jogo. Posso envolver-me com ele e deseja-lo muito, já que estou livre para amar o que imagino que ele é (o que pode ou não coincidir com a realidade).
Concluindo, amamos sempre quando nos envolvemos com alguém, podendo esse amor ter uma persistência muito curta se em pouco tempo o parceiro nos desiludir e não coincidir com as nossas expectativas. Amamos sempre, nem que seja por um pouquinho, nem que amemos quem não está lá.

Faço então a ponte para outra questão: o que sentimos quando amamos alguém? Se vos perguntasse: “Amam? Mas amam em que medida?” Quantos de vocês me responderiam: “ amo na medida em que ela é tudo para mim, é única, é especial…” ou “Amo-o porque só o vejo a ele, ele é o centro do meu mundo, penso nele noite e dia!”. Penso ser consensual o facto de que o “amar” implica uma certa oferta de exclusividade, de unicidade, caracterizando-se assim por uma sensação de que o outro é deveras especial. Nesta perspectiva, defender que se ama mais que uma pessoa é absurdo na medida que contradiz a sustentabilidade que o amor tem neste carácter quase divino de tão exclusivo.

Assim sendo, se quando nos envolvemos amamos e se quando amamos conferimos exclusivismo, como podemos chegar a beira do outro e dizer: “ Passei a noite com ele(a) mas não significou nada, és tu quem eu amo!”
→TRETA!!! Like they say: Bull shit! =)
Quanto a mim, quando nos envolvemos com outra pessoa é porque a relação com o nosso namorado foi à vida, porque senão não estaríamos a contradizer o nosso próprio sentimento: “Estive com ele (amei-o) mas é a ti que eu amo (confiro exclusividade)” => Contra-senso!

Em suma, não acredito nas segmentações de sentimentos que são referidas como mecanismos de defesa face a uma situação constrangedora de desrespeito a um compromisso.
Ele não está com outra mulher, porque quer acreditar que a ama. E se ama, é só ela que ele quer...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

meu amor... (platónico)


Estás, só quando preciso de ti mas nunca longe o suficiente para me faltares.
Nunca me falhas, dizes sempre as palavras certas no momento certo e conheces me como a palma da tua própria mão.
Conheço-te eu também como se fosses uma extensão do meu ser mas ao mesmo tempo permaneces um mistério para que eu tenha sempre algo para desvendar.
Mudas de mascara a todo o momento, louro, moreno, poeta, dançarino, filosofo ou rufia… és, e és sempre para mim.
Desvaneces quando troco olhares com outro alguém e não reconheces o conceito de ciúme.
Não me fazes vibrar, és um ser… “anti-extase”… mas basta o bichinho que cultivas cá dentro que não me arrebata mas me faz sonhar…

Na verdade, nada é melhor do que ver a felicidade como meta…
Porque as outras opções são ou a sua busca constante numa espiral de infinita desilusão, ou a sua vivência que acaba por ser um fenómeno tão único e intenso que nos deixa nauseados e em puro pânico.

Fica comigo sempre meu amor, não me lembro de sorrir assim alguma vez…
Dispenso a carne e o osso…

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A noite…


Cai devagarinho ou num fechar de olhos e nesse caso, se nos apanha desprevenidos, é o pior dos monstros do armário.
Abrir a porta, olhar pela janela, impedidos de realmente ver graças à ausência de luz, faz despertar um pânico semelhante ao que sente a criança face as sombras da hora de deitar.
A criança em mim pede ao sol para nunca se por, pede para ele ficar sempre mais um pouquinho, porque, afinal de contas, ser criança é sinónimo de contemplação. Menina pequenina nunca está sozinha porque a acompanha sempre, nem que seja, um “segundo eu” que o sol desenha no chão.
Menina que sou, acho tudo lindo demais para fechar os olhos…
Se os fecho quando a senhora noite bate à porta, é para sonhar que estou a cumprimentar o sol…

A hora dos pássaros


Ahhh!!! Viva! Finalmente! Vá,vá, meninos, toca a mexer, está na hora! Vamos lá ver se hoje nenhum dos outros se lembra de acordar mais cedo do que é suposto porque isso descontrola-me o sistema nervoso logo pela manha! A verdade é que, como causa de insónias, noitadas ou emprego chato, os humanos, por vezes, se acham com legitimidade de andar por aí na nossa hora. Falta de respeito é o que é! Nós só pedimos uma horinha da madrugada para que seja só nossa porque, ecológicos que somos, basta para viver mil e uma coisas! Arranjar alimento, alimentar os filhotes, tratar do ninho, namorar q.b e sobrevoar sobre a paisagem, é algo que dá para fazer em poucos minutos os quais imortalizamos com grandeza.
Eles andam dum lado para o outro durante horas e horas e, quantas vezes, chegam ao fim do dia com a sensação que no fundo nada fizeram? Deviam aprender connosco, a cantar por exemplo… Tornava a sua existência muito mais útil não acham? Enchiam o mundo de musica… (Enchiam o mundo...)
Pronto, já está ali uma a despertar. Aposto que está aborrecida por não conseguir dormir por nos ouvir… Incompreensível a relação que têm com a graça da vida.
Mas, espera lá… Será que ela nos está a escutar? Ou estou a ver mal ou ela está a sorrir…

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Adeus


Olhando a estante, e, sem o procurar, acabei por encontrar o nosso álbum, esquecido por entre os meus outros livros. Senti uma curiosidade em abri-lo e analisar o que despertaria em mim. Foi o que fiz, começando a ver a minha parte da obra, as fotografias escolhidas e comentadas por mim. Na altura tinha sido a minha prenda no teu aniversário, a qual não tinha finalizado com o propósito de te dar a oportunidade de mais tarde seres tu a completa-lo. Começo a folheá-lo… que coisa mais linda… De repente toma conta de mim uma nostalgia imensa, uma saudade, uma vontade de reaver tudo aquilo. As minhas palavras ali escritas traduziam encanto, paixão, harmonia única e invejável. Eram palavras que davam às imagens um sentido mágico, e, à medida que olhava para o ‘nós de antes’, simultaneamente sorria e chorava por dentro. Resumindo, estava emocionada.
Cheguei, então, à página na qual escrevo: ‘ Amo-te, agora é a tua vez! ‘
Recomeçam as fotografias em que ambos aparecemos abraçados, aos beijos, agarrados sorrindo ou a fazer caretas. No entanto, nestas imagens já não reconheço as mesmas pessoas. Este retrato agora, já não parece representar uma união única e admirável e os intervenientes desta foto e das seguintes passam a transmitir-me algo completamente diferente. Os comentários de cada página, desta vez escritos por ti, já não despertam em mim aquela melancolia doce e, pelo contrário, desiludem e desacreditam o que eu tinha sentido há segundos atrás. Chego a achar insultuoso a pobreza e o ridículo das tuas frases quando supostamente falavam de um objecto que eu pensava ter sido tão valioso.

Primeiro dia de férias, após 5 exames na universidade… A vontade foi de ficar esta manha toda na cama de pijama, com a janela do quarto aberta de forma a sentir o fresco da manha e ouvir os pássaros lá fora. Li um pouco do meu livro ‘ensaios de amor’ e depois permaneci ali deitada e estática. Parada fisicamente, deixava a minha mente sonhar bem divertida, sonhar com o quanto seria bom ter alguém com quem partilhar aquele conforto. Ter alguém na minha cama, esta manha, à qual eu entregaria o meu corpo, a minha pele, o meu toque e um momento de satisfação dos sentidos deveras especial.
Foi nesta manha na qual peguei no álbum. Procuraria a memoria que guardava de ti para satisfazer este capricho de sedução? Talvez… Mas depois de folhear isto, pensei para mim: ‘ok, podes ser tu. Desde que fiques calado e que sejas exactamente aquilo que eu quero. ‘
Absurdo…
Não há que negar, já não te amo…

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Tontura...


Olho o salão... Estou mais no meio deles, rodopiando, do que aqui sentada... Olho o chão quando reparo que ele acabou, e cruzo os dedos. A mão estende-se e eu sorrio por dentro, não são precisas palavras para num instante juntar-me fisicamente à festa. Calco, engano-me, retraio-me mas ao mesmo tempo deixo-me levar e procuro cada vez mais a tontura. Tontura inebriante, que eu deixo que me envolva, me possua, de uma forma que nada mais interessa além do movimento em si e ele à minha frente. Invejo o seu mover e luto para o alcançar, e além de competir, alio-me a ele, e tento aproximar-me, cada vez mais e mais… Até atingir a união, de um só ser dançante. Prazer condensado em poucos instantes que termina após o ritmo abrandar… Estou arrasada, ofegante, quase a dar o til…
Pronta para quase morrer outra vez…

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

o blog dos meus nadas


O que é isto?
Nada. É um simples nada, um simbolo que simboliza muito pouco do que pretende. Palavras soltas que pouco mudam os meus dias ou os de quem lê... Pensamentos soltos entre os milhões que todos os dias por mim voam e desvanecem para toda a eternidade...

Contudo, dizem os fisicos, o bater de asas de uma borboleta é capaz de mudar o curso total dos acontecimentos meteorologicos de todo o planeta...
E afinal, tudo e todos, pedaços de poeira....

A insignificancia em grande, não acham?
Fica aqui um pouco da minha poeira,do meu nada,do meu bater de asas....